Representação discente da Congregação do instituto de Geociências da UNICAMP homenageia docentes que lutaram contra a ditadura militar

Leda Gitahy, membro do Instituto Mario Schenberg, foi uma das docentes homenageadas durante a 264ª reunião da Congregação do IG, marcando o 60º aniversário do golpe militar de 1964. A homenagem reconheceu o compromisso dos professores na luta contra a ditadura militar e na fundação e consolidação do Instituto. Durante o evento, Gitahy destacou a origem subversiva do Instituto e a importância de manter um ambiente diverso e democrático, refletindo sobre a influência do exilado político Amilcar Oscar Herrera na criação do Instituto e a participação de docentes como Sandra Brizolla na resistência ao regime militar. A celebração enfatizou a continuidade do legado de resistência e a defesa dos direitos humanos.

Leda Gitahy, membro do Instituto Mario Schenberg e professora da Unicamp, foi uma das docentes homenageadas durante a 264ª reunião da Congregação do IG, um evento que coincidiu com o sexagésimo aniversário do golpe militar de 1964 no Brasil. A homenagem foi uma iniciativa dos representantes discentes da pós-graduação, Thiago Corrêa Zanini e Rafael Martins Revadam, que reconheceram a importância de celebrar os professores que se opuseram ao regime militar e contribuíram significativamente para a fundação e o desenvolvimento do Instituto.

Durante a cerimônia, Gitahy falou em nome de Bernardino Figueiredo, outro docente homenageado que não pôde estar presente devido a problemas de saúde. Ela expressou gratidão pela homenagem e relembrou a figura de Amilcar Oscar Herrera, o exilado político e fundador do IG, destacando sua visão democrática e progressista. Gitahy enfatizou que o Instituto nasceu de um espírito subversivo, buscando promover interdisciplinaridade e abordagens inovadoras para questões como as mudanças climáticas.

Ela também mencionou Sandra Brizolla, outra docente envolvida na resistência ao golpe, que faleceu em 2015, reiterando o compromisso do Instituto com ideais de diversidade e tolerância. A recente inclusão de estudantes indígenas na Unicamp foi destacada por Gitahy como um exemplo do ambiente inclusivo e democrático promovido pela instituição, sempre em defesa dos direitos humanos.

Os sentimentos expressos por Gitahy foram ecoados por outros docentes homenageados, como Carlos Lobão e Renato Dagnino, que refletiram sobre a importância da memória e da oralidade na preservação da história e dos ritos culturais, bem como na manutenção de uma consciência crítica entre as novas gerações.

A cerimônia foi marcada pela entrega de uma carta de homenagem a cada um dos professores, um gesto simbólico que reforçou o valor do reconhecimento e da memória na luta contínua por justiça e democracia. A iniciativa dos estudantes em homenagear esses docentes não apenas reconheceu suas contribuições passadas, mas também reafirmou o compromisso do Instituto com os princípios de resistência contra qualquer forma de opressão.


Fonte: https://ige.unicamp.br/news/2024-04/representacao-discente-da-congregacao-homenageia-docentes-que-lutaram-contra-ditadura

Segue a carta na íntegra
Campinas, 24 de abril de 2024,
Congregação do Instituto de Geociências da Universidade Estadual de Campinas
Caros professores Dr. Bernardino Ribeiro de Figueiredo, Dr. Carlos Alberto Lobão da Silveira Cunha,
Drª. Leda Maria Caira Gitahy e Dr. Renato Peixoto Dagnino;
A Representação Discente da Congregação do Instituto de Geociências vem por meio desta carta, com
imensa gratidão e respeito, expressar nossas sinceras homenagens a vocês por suas corajosas
participações na luta contra a ditadura militar brasileira. Neste mês de abril, em que se completam 60
anos do golpe militar, é importante reconhecer aqueles que dedicaram sua vida para combater as
injustiças desse nefasto acontecimento.
Ao longo dos anos sombrios da ditadura, a militância e bravura daqueles que ousaram se erguer contra
o regime foram uma luz guia para todos que acreditaram na restauração da democracia e dos direitos
humanos em nosso país. É importante reconhecer o sacrifício pessoal e os riscos que enfrentaram ao
levantarem a voz contra a injustiça e a repressão. Resistir às pressões e perseguir incansavelmente a
causa da liberdade é um testemunho de suas crenças e caráter, que fortaleceram os ideais
democráticos que constituem nossa nação.
Para além de suas lutas durante a ditadura, seus papéis como educadores após cessar o regime de
exceção também desafiaram a opressão, defendendo os valores fundamentais da dignidade humana e
deixando um legado enorme na formação das geógrafas, geólogas, geógrafos, geólogos e demais
graduandos e pós-graduandos que passaram pelo Instituto de Geociências da Unicamp.
E suas atuações em nosso Instituto não se limitaram a docência e pesquisa, contribuindo também em
diversas atividades como palestras, aulas abertas, semanas de estudo, congressos, mesas e debates.
Sempre estiveram ao lado dos alunos, como quando prestaram apoio durante as greves de nosso
Instituto. Suas atuações inspiraram os estudantes a sempre reivindicarem uma educação de fato
pública, gratuita, plural e de qualidade.
Vocês se tornaram símbolos de exemplo e coragem para muitos alunos e colegas que buscam lutar por
um futuro mais justo e igualitário. Suas contribuições para a construção de uma sociedade inclusiva
não podem ser esquecidas, e seus legados continuarão a inspirar as gerações futuras que buscam
defender os valores democráticos de nosso país.
Neste momento em que prestamos homenagem aos nossos professores que resistiram à opressão e
lutaram pela democracia em um período tão nebuloso, queremos expressar nossa profunda admiração
e agradecimento por tudo o que fizeram e continuam fazendo pela nossa sociedade. Que a coragem
apresentada ao longo de suas jornadas sirva de exemplo para todos nós, e que possamos continuar a
trilhar o caminho da justiça e da igualdade que vocês tanto defenderam.
Com respeito e gratidão,
Representantes Discentes da Pós-Graduação do Instituto de Geociências da Unicamp
Thiago Corrêa Zanini Rafael Martins Revadam

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