A perseguição política a Mário Schenberg: documentos revelam vigilância, prisão e resistência

Os documentos mostram episódios de perseguição política contra Mário Schenberg entre as décadas de 1940 e 1960. Recortes de jornais relatam suas prisões pelo DOPS, a tentativa de transferi-lo para unidades militares e o impacto dessas ações em sua carreira científica, incluindo a impossibilidade de viajar para eventos internacionais. Uma carta oficial revela controle rígido sobre suas visitas enquanto detido. Outro artigo destaca o julgamento de seu habeas corpus pelo STM. As imagens reforçam sua trajetória de resistência apesar da repressão. Juntos, os registros evidenciam como o renomado físico brasileiro foi alvo da vigilância do Estado por suas posições políticas e atuação intelectual.

Uma série de documentos históricos: recortes de jornais, fotografias e comunicações oficiais, revela episódios marcantes da perseguição política sofrida pelo físico e intelectual brasileiro Mário Schenberg ao longo das décadas de 1940 a 1960. As peças testemunhais mostram como o cientista, reconhecido internacionalmente por suas contribuições à física teórica, foi alvo constante da repressão em diferentes momentos da história política do país.

Um recorte do jornal Zero Hora destaca sua prisão em São Paulo, quando Schenberg foi detido ao se apresentar ao DOPS para depor. O texto informa que, após determinação do auditor militar, ele deveria ser transferido para uma unidade militar, decisão que gerou mobilizações, inclusive tentativas frustradas de conduzi-lo a instalações do Exército e da Força Pública. O episódio, segundo o jornal, também o impediu de participar de um congresso internacional de física no Japão, onde apresentaria conceitos considerados inovadores.

Outro recorte, de setembro de 1965, classifica a prisão do cientista como um “atentado à cultura”, denunciando o impacto da ação repressiva sobre a vida intelectual do país. A matéria relembra que Schenberg era um dos mais importantes nomes da ciência brasileira e que sua detenção simbolizava a tentativa de silenciar vozes críticas no período da ditadura militar.

Os documentos incluem ainda uma carta oficial de 1948, assinada pela Superintendência de Segurança Política e Social do Estado de São Paulo, autorizando visitas ao professor, que se encontrava detido na Força Pública. A correspondência, em tom burocrático, expõe o caráter sistemático da vigilância estatal sobre o pesquisador.

Outro recorte, do Correio da Manhã de março de 1965, relata o julgamento do habeas corpus de Schenberg pelo Superior Tribunal Militar. O texto descreve o embate jurídico envolvendo o cientista e aponta as acusações (sem fundamento) usadas para justificar sua prisão.

As fotografias que acompanham o material mostram Schenberg já em anos posteriores, ladeado por colegas, sugerindo momentos de retomada da vida pública e acadêmica, mas também remetendo à trajetória de resistência que marcou sua biografia.

Conjunto expressivo, esses documentos reafirmam o papel de Mário Schenberg como símbolo de resistência intelectual e revelam a dimensão da repressão sofrida por cientistas, artistas e pensadores brasileiros durante períodos autoritários. Ao mesmo tempo, ajudam a reconstruir, com base em evidências diretas, a história de um dos maiores nomes da ciência brasileira — cuja atuação ultrapassou a física para se tornar defesa intransigente da cultura, da democracia e da liberdade de pensamento.

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